sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago *1922 + 2010

Poucas são as mortes de famosos que admirava e que pude sentir até hoje. A mais marcante ainda é a de Senna, embora eu tivesse cerca de 9 anos. Ainda lembro com nitidez do dia, do que fazia, com quem estava. Não cheguei a ver sua morte - criança ainda brincava com meus primos quando soube.

No entanto, hoje ao ler sobre a morte do Saramago meu coração deu um salto. Lembrei de um professor da faculdade, que o tinha conhecido pessoalmente e tinha um grande orgulho por isso. Lamentei não ter tido a mesma sorte. Lamento pelos livros que não mais serão lançados.

No meu acervo particular
Não li muitos livros do Saramago. Comecei pela História do Cerco de Lisboa, que abandonei. Anos depois li o celébre Ensaio sobre a Cegueira e então me apaixonei. Como podia ele se exprimir tão bem sem pontuação? Como sua literatura podia ter tanta força e expressão sem vírgulas, exclamações, interrogações? A estória ainda sem isso tem ritmo! E como é envolvente. Jamais me esquecerei da experiência que tive quando li Saramago. Não só pela sua escrita que impõe o ritmo como pela sensação causada por esta literatura.

Depois li O Evangelho segundo Jesus Cristo e mais ainda gostei da literatura dele. Engraçado um homem ateu escrever tanto sobre Deus - seu último livro trata do velho testamento.

O último livro que li foi As intermitências da morte e é excelente. E meu mergulho e admiração por Saramago se dão apenas por 3 experiências literárias. Imagine se tivesse lido mais?

A posteriori
Não sei se é tarde demais admirá-lo por tantas coisas que só fiquei sabendo agora.

Como não admirar ainda mais sua literatura se ela vem de um homem que estudou apenas até aos doze anos? Isso sem sequer citar o Prêmio Nobel de Literatura. O único em língua portuguesa.

Outra coisa que não sabia (e só descobri agora) é que ele escreveu poesia. Antes tarde do que nunca, como dizem. Afinal, a poesia e toda a bibliografia dele são boas indicação para as próximas leituras.

Bibliografia
Poesias

- Os poemas possíveis, 1966
- Provavelmente alegria, 1970
- O ano de 1993, 1975

Crônicas
- Deste mundo e do outro, 1971
- A bagagem do viajante, 1973
- As opiniões que o DL teve, 1974
- Os apontamentos, 1976

Viagens
- Viagem a Portugal, 1981

Teatro
- A noite, 1979
- Que farei com este livro?, 1980
- A segunda vida de Francisco de Assis, 1987
- In Nomine Dei, 1993
- Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, 2005

Contos
- Objecto quase, 1978
- Poética dos cinco sentidos - O ouvido, 1979
- O conto da ilha desconhecida, 1997

Romance
- Terra do pecado, 1947
- Manual de pintura e caligrafia, 1977
- Levantado do chão, 1980
- Memorial do convento, 1982
- O ano da morte de Ricardo Reis, 1984
- A jangada de pedra, 1986
- História do cerco de Lisboa, 1989
- O Evangelho segundo Jesus Cristo, 1991
- Ensaio sobre a cegueira, 1995
- A bagagem do viajante, 1996
- Cadernos de Lanzarote, 1997
- Todos os nomes, 1997
- A caverna, 2001
- O homem duplicado, 2002
- Ensaio sobre a lucidez, 2004
- As intermitências da morte, 2005
- As pequenas memórias, 2006
- A Viagem do Elefante, 2008
- O Caderno, 2009
- Caim, 200

Um comentário:

Letticia Caruso disse...

Lindo post, Didi! Pena que precisou algo tão triste pra uma de vocês lembrar desse blog. :(
Beijos.